A entrega de todas as faculdades a Deus, simplifica grandemente o problema da vida.
Enfraquece e abrevia milhares de lutas com as paixões do coração natural.
As afeições juvenis devem
ser refreadas, até chegar o período em que a idade suficiente e a experiência
tornarão honrosa e segura a sua manifestação.
Um pouco de tempo passado a
semear joio, queridos amigos jovens, produzirá uma colheita que lhes fará
amarga a vida inteira; uma hora de irreflexão — o ceder uma vez à tentação —
pode lhes desviar todo o curso da vida para uma direção errada. Não podem ser
jovens senão uma vez; tornem útil essa juventude. Uma vez passado o caminho,
não poderão retroceder para retificar os erros cometidos. Aquele que se recusa
a ligar-se a Deus, colocando-se no caminho da tentação, há de infalivelmente
cair. Deus está provando cada jovem.
A sensualidade é o pecado da
época. A religião de Cristo, porém, manterá as linhas de controle sobre todas
as espécies de liberdade ilegal; os poderes morais manterão as linhas de
controle sobre cada pensamento, palavra e ato. O engano não será encontrado nos
lábios do verdadeiro cristão. Não condescenderá com nenhum pensamento impuro,
palavra alguma pronunciada que se aproxime da sensualidade, nenhum ato que
tenha a menor aparência do mal.
Não procurem saber quão
perto podem andar à beira do precipício e todavia estar seguros. Evitem a
primeira aproximação ao perigo. Não se pode brincar com os interesses da alma.
Seu capital é seu caráter. Acariciem-no, como fariam a um áureo tesouro. A
pureza moral, o respeito próprio, o forte poder da resistência têm de ser
acariciado firme e constantemente.
Toda paixão não santificada
deve ser mantida sob o domínio da razão santificada através da graça que Deus
outorga abundantemente em cada emergência. Porém, que não se crie uma
emergência, que não haja ato voluntário que coloque alguém onde será assaltado
pela tentação, nem dê o menor motivo para que outros o achem culpado de
imprudência.
Enquanto a vida durar, há
necessidade de resguardar as afeições e paixões com firme propósito. Há
corrupção interior, há tentações exteriores, e sempre que a obra de Deus deve
avançar, Satanás traça um plano para dispor das circunstâncias para que a
tentação venha com força opressora sobre a alma. Em nenhum momento podemos
estar seguros, a menos que confiemos em Deus, a vida oculta com Cristo em Deus.
Segundo
parece, William está completamente apaixonado por Carol. Nesta seqüência de
cartas, percebemos o contínuo esforço de Ellen White para tentar ajudá-lo.
Carol tem estimulado uma amizade que absorve quase que totalmente a atenção de
ambos. Isso tem ido muito além dos limites do que é correto e honrado, e eles
estão profundamente envolvidos nas práticas que, como Ellen White disse, devem
ser reservadas para o casamento.
Tal
relacionamento ameaça a utilidade futura tanto de William como de Carol. Ellen
White insiste para que eles rompam esse relacionamento, ou então se casem, para
não arruinar a reputação de ambos e o efeito de seu testemunho como cristãos.
Carta n 1
Ballardvale, Massachusetts
Agosto de 1879
Estimado William,
Fui para minha tenda com o
coração quebrantado, a fim de aliviar minha mente escrevendo a você algumas das
coisas que foram-me mostradas em visão.
O Senhor me mostrou que sua
ligação com Carol, não foi, de forma alguma, planejada para ajudá-lo moralmente
ou para fortalecê-lo espiritualmente. Você fez algumas débeis tentativas para
desligar-se dela, porém logo renovou suas atenções para com ela. Algumas vezes
ela provocando e você correspondendo.
Você tem dispendido horas
noturnas em sua companhia porque ambos estão apaixonados. Ela afirma que o ama,
no entanto não conhece o amor puro de um coração despretensioso.
Foi-me mostrado que você
está fascinado, enganado, e que Satanás se regozija de que alguém que
dificilmente possua um traço de caráter que poderia convertê-la numa esposa
agradável e tornar um lar feliz, tenha influência sobre você para separá-lo da
mãe que o ama com amor constante. Em nome do Senhor, ponha fim às suas atenções
para com Carol ou case-se com ela — não escandalize a causa de Deus.
Você tem seguido seu próprio
caminho sem levar em conta as conseqüências. Seu coração rebelou-se contra sua
mãe porque ela não pode, de maneira alguma, aceitar Carol ou aprovar a atenção
que você lhe dedica.
A intimidade formada com
Carol não tem propensão a aproximá-lo do Senhor ou a santificá-lo através da
verdade. Você está arriscando seus interesses eternos na companhia dessa moça.
Carol espera casar-se com
você, e você a tem incentivado a esperar por isso devido às suas atenções. Sua
felicidade nesta e na vida futura está em perigo. Você tem atendido às
enganosas e tolas petições dela e seguido seu próprio juízo, o que não faz de
você um cristão mais firme e um filho mais fiel e consciencioso. Se a atmosfera
que a circunda lhe é a mais aprazível, se ela preenche suas aspirações a
respeito de uma esposa que estará na direção de sua família, se em seu
julgamento sereno, conduzido pela luz que lhe foi concedida por Deus, o exemplo
dela for digno de imitação, você pode não só casar-se com ela como também estar
em sua companhia e comportar-se como o marido e a esposa deve comportar-se um
com o outro.
Seus atos e conversação são
ofensivos a Deus. Os anjos de Deus registram suas palavras e ações. A luz lhe
tem sido concedida, porém você não a atende. A conduta que tem seguido é uma
vergonha à causa de Deus. Seu comportamento é inconveniente e anticristão.
Quando cada um deveria estar em sua casa dormindo, estão na companhia e nos braços
um do outro quase a noite inteira. Têm seus pensamentos sido mais puros, mais
santos, mais enobrecidos e elevados? Tem uma visão nítida do dever — um amor
maior por Deus e pela verdade?
Sua amiga,
Ellen G. White
Ellen G. White
Carta n 2
12 de Janeiro de 1880
Prezado William,
Levantei-me cedo esta manhã.
Minha mente não está em paz no que diz respeito a você. Seu caso foi-me
mostrado. O Livro do Céu se abriu e li um registro de sua vida.
Você lançava sobre si a mais
amarga crítica por ter confiado em seu próprio juízo e caminhado em sua própria
sabedoria. Rejeitou a voz de Deus e desprezou as advertências e conselhos de
Seus servos. Seguiu com perseverança e persistência seus próprios caminhos
perniciosos, nos quais o caminho da verdade foi blasfemado e almas que poderiam
ter sido salvas por seu intermédio se perderam.
Muito mais poderia relatar a
seu respeito, mas isso é suficiente por ora. Senti-me agradecida quando saí da
visão e percebi que não era a realidade presente, que o tempo de graça se
prolongava. E agora, peço-lhe que se apresse e não brinque mais com as coisas
eternas.
Você se vangloria de ser
honesto, mas não é. Por sua conduta tem estado e ainda está soldando os
grilhões que o prenderão na mesma escravidão com Carol. Tem rejeitado a voz de
Deus e tem atendido a voz de Satanás. Age como um homem destituído de bom senso
e por quem? Por uma moça sem princípios, sem um traço de caráter realmente
digno de amor, arrogante, extravagante, voluntariosa, não consagrada,
impaciente, obstinada, sem afeto natural e impulsiva. Se vocês se separassem
completamente, ela ainda poderia ter uma melhor oportunidade para examinar-se e
humilhar o coração diante de Deus.
Sempre há um período crítico
na vida de um rapaz quando se separa das influências e conselhos sábios do lar
e enfrenta novas situações e provas difíceis. Se, contra sua vontade ou por
escolha própria, é colocado em situações perigosas e depende de Deus para
buscar força, cultivando o amor de Deus em seu coração, será guardado de ceder
à tentação pelo poder de Deus que o colocou naquela situação difícil.
Que diferença entre o caso
de José e o de jovens que aparentemente forçam sua entrada no terreno do
inimigo, expondo-se aos impetuosos ataques de Satanás!
O Senhor fez José prosperar.
Porém em meio à sua prosperidade veio a adversidade mais sombria. A esposa de
seu senhor era uma mulher licenciosa, que o incitou em direção ao inferno. Renderia
José seu áureo caráter moral às seduções de uma mulher depravada? Lembrar-se-ia
de que os olhos de Deus estavam sobre ele?
Poucas tentações são tão
perigosas e fatais para os jovens como a sensualidade. E quem se render provará
ser ela claramente ruinosa para a alma e para o corpo, no presente e na
eternidade. O bem-estar de todo o futuro de José dependia da decisão de um
momento. Calmamente José dirige seus olhos ao Céu e clama por ajuda, livra-se
de sua capa exterior, deixando-a nas mãos de sua tentadora. E enquanto seus
olhos brilham com determinação resoluta, em lugar de uma paixão não
santificada, ele exclama: “Como posso cometer esse grande mal e pecar contra
Deus?” A vitória está ganha, ele escapa da sedutora; está salvo.
Você tem tido oportunidade
de mostrar se a sua religião é uma realidade prática. Tem tomado liberdades à
vista de Deus e dos santos anjos que não tomaria na presença de seus amigos. A
verdadeira religião compreende todos os pensamentos da mente, penetrando todas
a intenções secretas do coração e todos os motivos de ação; o objeto e a
direção dos afetos e toda a estrutura de nossa vida.
“Tu és Deus que vê”, seja a
senha, a sentinela da vida. Você pode aceitar essas lições. Você necessita aprender.
Que Deus o ajude.
Ellen G. White
Carta n 3
Hornellsville, Nova Iorque
Estimado William,
Sinto sincero interesse que
esse último apelo não seja tratado com indiferença como foi o anterior. Se não
atender a esse, será o último convite que receberá.
Resta agora ver se você
seguirá o caminho de paixão que escolheu, e se Carol, após sua confissão fará o
mesmo que tem feito. Foi-me mostrada sua conduta como segue: ela admitiria e
depois atrairia suas simpatias da maneira mais comovente por meio de cartas e
conversação. Você fora novamente atraído por ela para lhe oferecer simpatia e
estímulo, pois estava tão fraco e completamente cego que outra vez fora
enredado por ela mais firmemente do que antes.
Foi-me mostrado que você
estava em sua companhia altas horas da noite; você sabe muito bem de que modo
essas horas foram dispendidas. Pediu-me para dizer se você havia transgredido
os mandamentos de Deus. Pergunto-lhe: Não os está transgredindo? Como foram
empregadas as horas que passaram juntos noite após noite? Foram sua postura,
atitude e afetos tais que desejaria que fossem registrados no Livro do Céu? Vi
e ouvi coisas que deixariam os anjos ruborizados.
Nenhum rapaz deve fazer o
que você fez com Carol, a menos que esteja casado com ela. Fiquei muito
surpresa ao saber que você não vê esse assunto em sua verdadeira luz.
Escrevo-lhe agora para implorar, por amor a sua alma, que não brinque mais com
a tentação. Apresse-se para pôr fim a esse encanto que, como um pesadelo
horrível, o tem envolvido. Liberte-se agora e para sempre se tiver algum anseio
pelo favor de Deus.
O caminho que tem seguido é
suficiente para destruir a confiança em você como um homem honesto e cristão.
Você não faria o que fez se não estivesse sob o sedutor poder de Satanás.
Continuo, porém, em dúvida se você mudará seu comportamento. Conheço a força
que mantém o encantamento sobre você e espero que a perceba e a sinta antes que
seja tarde demais. Você fará uma mudança completa e romperá a ligação com
Carol? Ela fará a parte dela? Se não fizer isso, então case-se com ela de uma
vez e desonrem a vocês e não mais a causa de Deus.
Você tem falhado
significativamente em quase todos os aspectos. Agora, no resto de sua vida procure
recuperar o que perdeu. Que o Livro do Céu ofereça um registro diferente de sua
conduta.
Deus o abençoe.
Ellen G. White
Carta n 4
Setembro de 1880
Querido William,
Fiquei contente em receber
sua carta e apreciei ler suas sugestões de permanecer onde está até que tenha
recuperado ou desfeito a influência errônea que exerceu. Fico feliz de que se
sinta assim. Como você sabe, escrevi explícita e claramente da forma que as
coisas foram-me mostradas. E a consideração que tenho por sua alma levou-me a
relatar o seu caso do modo como foi me mostrado, como de grande perigo. Será
difícil para você enxergar dessa maneira, mas em um sonho que tive na noite
passada, você estava dizendo para a sua mãe: “Se as coisas são realmente desta
forma, não adianta eu me esforçar, pois vou falhar.”
Eu disse, William, que
quando você tentar com toda perseverança e determinação voltar atrás e se
libertar da armadilha de Satanás, se livrará de sua escravidão e será um homem
livre. Exigirá muita força de vontade, no poder de Jesus, para romper a força
do hábito e abandonar o adversário das almas que você tem acolhido por tanto
tempo. Troque de hóspedes e convide Jesus para tomar posse do templo de sua
alma. Ele, porém, não divide o coração com Satanás. Você pode agora mesmo,
nesse instante, fazer um esforço decidido, não por seu poder, mas pelo poder de
Jesus.
Abra seu coração diante de
Deus, confesse e abandone as coisas que o têm separado dEle. A obra do
arrependimento deve começar com sua mãe. Nunca se aproximará da luz se não
fizer isso. Não deixe de fazer o que deve ser feito para corrigir os erros,
pois agora você chegou ao momento decisivo.
Terá a provação porque será
provado por Deus. Se sair puro como o ouro, então Deus o usará. Não seja
incrédulo e sim confiante. Sua provação não será deleitosa no presente, mas
muito dolorosa. Mais tarde, porém, produzirá o pacífico fruto da justiça. “Pois
o Senhor corrige ao que ama, e açoita o que recebe por filho. É para disciplina
que sofreis; Deus vos trata como a filhos; pois qual é o filho a quem o pai não
corrija?” Hebreus 12:6, 7.
Agora seus passos devem
descer profundamente pelo vale da humilhação. Você tem pensado: “Minha montanha
permanece firme. Posso suster-me. “No entanto, sua experiência passada e sua
situação presente é que deve lhe dar um claro discernimento da depravação do
homem por causa de seu afastamento de Deus.
Meu querido jovem, por amor
a Cristo, não continue se enganando em sua conduta. Trabalhe como se fosse para
a eternidade. Não consulte a si mesmo. Abra o coração perante Deus para que não
caia sobre você aquela rocha e o reduza a pó.
Que mais devo lhe dizer? Que
posso dizer? Desejo que seja salvo. Desejo que seja perfeito diante de Deus.
Com amor,*
Ellen G. White
Ellen G. White
Nenhum comentário:
Postar um comentário