Uma ilustração muito viva e impressionante da obra de Satanás e da
de Cristo, e do poder de nosso Mediador para vencer o acusador de Seu
povo, é dada na profecia de Zacarias. Em santa visão, o profeta
contempla a Josué, o sumo sacerdote, “vestido de vestidos sujos” (Zacarias 3:3),
diante do Anjo do Senhor, suplicando a misericórdia de Deus em favor de
seu povo, que se acha em profunda aflição. Satanás acha-se a Sua mão
direita, para Lhe resistir. [...] O sumo sacerdote não se pode defender,
nem ao seu povo, das acusações de Satanás. Não alega que Israel esteja
livre de falta. Em suas vestes sujas, simbolizando os pecados do povo,
com os quais ele arca como representante seu, está ele perante o anjo,
confessando a falta deles, mas ao mesmo tempo alegando seu
arrependimento e humilhação, confiando na misericórdia de um Redentor
que perdoa o pecado e, com fé, suplicando as promessas de Deus.
Então o Anjo, que é o próprio Cristo, o Salvador dos pecadores,
reduz a silêncio o acusador do Seu povo, declarando: “O Senhor te
repreende, ó Satanás; sim, o Senhor, que escolheu Jerusalém, te
repreende: não é este um tição tirado do fogo?” Zacarias 3:2.
[...] Aceita a intercessão de Josué, é dada a ordem: “Tirai-lhe estes
vestidos sujos”, e a Josué declara o Anjo: “Eis que tenho feito com que
passe de ti a tua iniqüidade, e te vestirei de vestidos novos.” “E
puseram uma mitra limpa sobre a sua cabeça, e o vestiram de vestidos”. Zacarias 3:4, 5.
Foram perdoados os seus próprios pecados e os do povo. Israel vestiu
“vestidos novos”- a justiça de Cristo imputada a eles. [...]
Como Satanás acusou a Josué e seu povo, assim em todos os séculos
acusa os que buscam a misericórdia e favor de Deus. No Apocalipse é ele declarado ser o “acusador de nossos irmãos”, “o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite”. Apocalipse 12:10.
O conflito repete-se em relação a toda pessoa que é salva do poder do
mal e cujo nome se acha registrado no livro da vida, do Cordeiro. É
impossível alguém sair da família de Satanás e ser aceito na família de
Deus sem suscitar a resistência do maligno. As acusações de Satanás
contra os que buscam o Senhor não são motivadas pelo desprazer em face
de seus pecados. Ele exulta com os defeitos de seu caráter. Unicamente
por causa de sua transgressão da Lei de Deus, pode ele alcançar poder
sobre eles. Suas acusações advêm tão-somente de sua inimizade a Cristo.
Mediante o plano da salvação, Jesus quebra o poder de Satanás sobre a
família humana, salvando os que estão em suas garras. Todo o ódio e
malignidade do arqui-rebelde é provocado, ao contemplar ele a evidência
da supremacia de Cristo e com diabólico poder e astúcia opera para
arrebatar o remanescente dos filhos dos homens que aceitaram Sua
salvação.
Leva ele homens ao ceticismo, fazendo-os perderem a confiança em
Deus e separarem-se de Seu amor; tenta-os a quebrantarem Sua lei,
reclamando-os então como cativos seus, e contestando o direito de
Cristo, de lhos arrebatar. Sabe ele que os que buscam sinceramente de
Deus o perdão e a graça os hão de obter; por isso apresenta perante eles
os seus pecados, a fim de os desanimar. Está constantemente buscando
ocasião contra os que procuram obedecer a Deus. Mesmo seus melhores e
mais aceitáveis serviços busca ele fazer que se afigurem corruptos. Por
armadilhas sem-número, as mais sutis e mais cruéis, empenha-se em
conseguir a condenação deles.
Não pode o homem por si mesmo defender-se dessas acusações. Em
suas vestes manchadas de pecado, confessando sua culpa, ei-lo perante
Deus. Mas Jesus, nosso Advogado, apresenta um eficaz rogo em favor de
todos os que, mediante arrependimento e fé, a Ele confiaram a guarda de
sua vida. Defende-lhes a causa e derrota seu acusador, com os poderosos
argumentos do Calvário. Sua perfeita obediência à lei de Deus, mesmo até
à morte de cruz, conferiu-Lhe todo o poder no Céu e na Terra, e Ele
pleiteia de Seu Pai misericórdia e reconciliação para o homem culpado.
Ao acusador de Seu povo diz ele: “O Senhor te repreende, ó Satanás.”
Estes são a aquisição de Meu sangue, “tições apanhados do fogo”. Zacarias 3:2.
Os que com fé nEle confiarem, receberão a confortadora certeza: “Eis
que tenho feito com que passe de ti a tua iniqüidade, e te vestirei de
vestidos novos.”
Todos os que vestiram as vestes da justiça de Cristo, estarão
perante Ele como escolhidos, fiéis e verdadeiros. Satanás não tem poder
para arrancá-los da mão de Cristo. Ele não permitirá que passe para o
poder do inimigo pessoa alguma que tenha reclamado, com penitência e fé,
Sua proteção. Está empenhada Sua palavra: “Que se apodere da Minha
força, e faça paz comigo; sim, que faça paz comigo”. Isaías 27:5. A todos é feita a promessa dada a Josué: “Se observares as Minhas ordenanças, [...] te darei lugar entre os que estão aqui”. Zacarias 3:7.
Anjos de Deus andarão de ambos os lados seus, mesmo neste mundo, e no
final estarão entre os anjos que circundam o trono de Deus.
{CI 360.3}
O serem os reconhecidos filhos de Deus representados como estando
na presença do Senhor com vestes sujas, deve levar à humildade e
profundo exame do coração, por parte de todos os que Lhe professam o
nome. Os que estão de fato purificando o caráter mediante a obediência à
verdade, terão de si mesmos uma opinião muito humilde. Quanto mais de
perto virem o imaculado caráter de Cristo, tanto mais forte será o seu
desejo de serem conformados à Sua imagem, e tanto menos pureza ou
santidade verão eles em si mesmos. Mas, conquanto devamos reconhecer
nosso estado pecaminoso, temos de confiar em Cristo como nossa justiça,
nossa santificação e redenção. Não podemos contestar as acusações de
Satanás contra nós. Cristo, unicamente, pode pleitear eficazmente em
nosso favor. Ele é capaz de silenciar o acusador com argumentos baseados
não em nossos méritos mas nos Seus. — Testimonies for the Church 5:467-472.
A igreja remanescente
— A visão de Zacarias, relativa a Josué e ao Anjo, aplica-se com força
particular à experiência do povo de Deus no remate do grande dia da
expiação. A igreja remanescente será levada a grande prova e aflição. Os
que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus, sentirão a ira
do dragão e seus seguidores. Satanás conta o mundo como súdito seu, ele
adquiriu domínio sobre as igrejas apóstatas; mas ali está um pequeno
grupo que lhe resiste à supremacia. Caso os pudesse desarraigar da
Terra, seu triunfo seria completo. Como ele influenciou as nações pagãs
para destruir Israel, assim, em próximo futuro há de incitar os ímpios
poderes da Terra para destruir o povo de Deus. De todos será exigido que
prestem obediência a leis humanas em violação à lei divina. Os que
forem fiéis a Deus e ao dever, serão ameaçados, denunciados e
proscritos. Serão traídos “até pelos pais, irmãos, parentes e amigos”.
Sua única esperança está na misericórdia de Deus, sua única defesa
será a oração. Como Josué pleiteou diante do Anjo, assim a igreja
remanescente, com coração quebrantado e fervorosa fé, pleiteará o perdão
e livramento por meio de Jesus, seu Advogado. Acham-se plenamente
cônscios da pecaminosidade de sua vida, vêem sua fraqueza e indignidade,
e ao olharem a si mesmos, ficam a ponto de desesperar. O tentador está
ao seu lado para os acusar, como esteve ao lado de Josué, para lhe
resistir. Aponta às suas vestes imundas, seu caráter defeituoso.
Apresenta sua fraqueza e descaminhos, seus pecados de ingratidão, sua
dessemelhança de Cristo, a qual desonrou seu Redentor. Esforça-se por
assustar a pessoa com o pensamento de que seu caso não tem esperança,
que a mancha de seu pecado jamais será lavada. Tem esperança de assim
destruir-lhe a fé, para que ceda a suas tentações, volva costas à sua
aliança com Deus e receba o sinal da besta.
Satanás insiste perante Deus com suas acusações contra eles, declarando
que por seus pecados perderam o direito à proteção divina, e reclamando
o direito de destruí-los como transgressores. Pronuncia-os tão
merecedores como ele mesmo, de exclusão do favor de Deus. “São estas”,
diz ele, “as pessoas que hão de tomar meu lugar no Céu e o lugar dos
anjos que se uniram a mim? Embora professem obedecer à lei de Deus, têm
porventura guardado os seus preceitos? Não têm sido amantes de si
mesmos, mais do que de Deus? Não colocaram seus próprios interesses
acima do Seu serviço? Não amaram as coisas do mundo? Eis os pecados que
lhes assinalaram a vida. Eis o seu egoísmo, sua maldade, seu ódio uns
para com os outros.”
O povo de Deus tem sido, em muitos respeitos, muito faltoso.
Satanás possui um exato conhecimento dos pecados que ele os tentou a
cometerem, e apresenta esses pecados como exageradamente graves,
declarando: “Há de Deus banir-me e aos meus anjos de Sua presença, e
contudo recompensar os que são culpados dos mesmos pecados? Não podes, ó
Senhor, isso fazer com justiça. Teu trono não se achará baseado em
justiça e juízo. A justiça requer que seja pronunciada sentença contra
eles.”
Mas, conquanto os seguidores de Cristo tenham cometido pecado, não
se entregaram ao domínio do mal. Abandonaram os pecados e buscaram o
Senhor com humildade e contrição, e o Divino Advogado pleiteia em seu
favor. Aquele que mais maltratado foi por sua ingratidão, que conhece os
seus pecados e também seu arrependimento, declara: “‘O Senhor te
repreenda, ó Satanás.’ Eu dei a vida por essas criaturas. Acham-se
gravadas nas palmas das Minhas mãos”. — Testimonies for the Church 5:472-474.
Coberto com o manto da justiça de Cristo
— Ao afligir o povo de Deus seu coração perante Ele, suplicando pureza
de caráter, é dada a ordem: “Tirai-lhes os vestidos sujos”, e
proferem-se as palavras animadoras: “Eis que tenho feito com que passe
de ti a tua iniqüidade, e te vestirei de vestidos novos”. Zacarias 3:4.
As imaculadas vestes da justiça de Cristo são colocadas sobre os
provados, tentados mas fiéis filhos de Deus. Os desprezados
remanescentes são vestidos de vestes gloriosas, que nunca mais serão
manchadas pelas corrupções do mundo. Seus nomes são retidos no livro da
vida, do Cordeiro, registrados entre os fiéis de todos os séculos.
Resistiram aos ardis do enganador; não foram demovidos de sua lealdade
pelos rugidos do dragão. Acham-se agora eternamente seguros dos ardis do
tentador. Seus pecados são transferidos para o originador do pecado.
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